quinta-feira, 19 de julho de 2012

Love is not a feeling. It's an ability *

Encarei o Amor ao longo da vida de maneiras diferentes.

Até aos 15 anos acreditei que o Amor era um casamento, uma relação. Vivi e morri de amores, compreendidos, incompreendidos, falhados, fatalistas, impossíveis. Fui mais infeliz, emocionalmente, que feliz. Drama era palavra de ordem. Amava ostensivamente quem não me queria, e era amada por quem dispensava.

A uma semana de fazer 20 anos consumei o namoro pela primeira vez. Consumei ao fim de 1 ano de namoro, e porque achei que iamos casar e ser felizes para sempre. Uma relação complicada, movida pela paixão, turbulenta, com uma pessoa difícil. Ao fim de 3 anos saí de cabeça levantada, com um reforço na auto-estima e uma nova visão da coisa. Afinal o Amor não era tão simples e, muito menos, linear. Aos 25 consolidei-me como desapegada, inconstante, rebelde. 

Cheguei aos 30 traída, traidora, amante, amada, irreverente, egoista, inconformada. Fui pedida em casamento. Pedi em casamento. Desacreditei-me do casamento. Rejeitei. Fui rejeitada. Fui feliz, e fiz pessoas felizes. Fui feliz e com isso deixei algumas pessoas infelizes. Estive em sintonia. Saí da sintonia. Fui infeliz. Perdi-me. Achei-me. Deixei-me perder. Deixei que se perdessem em mim e comigo. Pisei o risco. Deixei-me levar. Chorei pelo que me doía a alma. Rí com a alma toda. Fui aventureira. Fui pouco cautelosa. Arrisquei e correu bem. Arrisquei e não correu tão bem, mas ficaram histórias memoráveis. Criei e logrei expectativas. Mas acima de tudo fui sempre verdadeira. Verdadeira para comigo, para com os outros, acerca dos sentimentos e das relações.

Aos 32 fui mãe. Fez-se o click. Nasceu o grande Amor que irei carregar a vida inteira. E que seja longo. E com ele conheci a dor, o aperto, a alegria, o sufoco, a felicidade nos olhos de outrém, a incondicionalidade, a ansiedade, a dependencia e a realização.

Para mim o Amor não é um amo-te, não é um presente numa data chave, não é uma relação longa (seja lá qual for a relação). O Amor é uma mão dada na altura certa. É um abraço que nos apanha desprevenidos. É aquele dedo que nos limpa as lágrimas quando elas correm enquanto nos dizem que vai ficar tudo bem, independentemente de quando for. É o telefonema da minha irmã a dizer que vai ser mãe, ou da minha amiga a dizer que ouviu uma piada e se lembrou de mim. É uma gargalhada dada do nada por algo que nem tem assim tanta piada. É dizermos que se foda, e irmos quando não nos dá jeito nenhum ir. É respeitar espaços. É ser leal. É saber deixar ir. É saber aceitar a derrota. É acima de tudo aceitar as diferenças.

*Dan in real fife

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